terça-feira, 12 de maio de 2009

Pinóquio

A caixinha chegou pelo correio. De: Papai. Para: Vinícius. Em um segundo, o embrulho multicolorido e cheio de laços foi todo rasgado. O menino abriu a caixa e tirou dela um boneco de madeira com nariz enorme. Sacudiu o brinquedo, que tinha as partes unidas apenas por uma corda elástica e fez com que dançasse no ar. De repente, disse jogando-o no chão:
- Boneco mentiroso!
A mãe recolheu o boneco e sorrindo disse que era mentiroso só na história. Que era uma graça o Pinóquio e que ele não devia fazer desfeita, afinal, se o papai tinha mandado um presente é porque gostava muito do filho. Vinícius manteve o siso, mas tomou o boneco e o levou para o quarto.
No dia seguinte, como sempre, Vinícius chegou do colégio e sentou no sofá ao lado da mesa do telefone. Ao invés de ligar a TV, dessa vez ficou brincando com o boneco. De quando em quando fitava o telefone. Depois de uma hora ou duas, quando a mãe o chamou para jantar, ele quebrou um dos braços do boneco e o guardou.
No dia seguinte, repetiu a cena. Desta vez, por fim, quebrou uma das pernas. E assim sucederam-se os dias. Vinícius chegava do colégio, sentava ao lado do telefone e ao final de algumas horas, quebrava um pedaço do boneco. Passado algum tempo, a mãe encontrou apenas pedacinhos de madeira jogados ao lado do telefone. Chamou o menino e, em tom severo perguntou por que ele havia destruído o boneco daquele jeito. Que era muito, muito feio um menino agir daquela forma. Ao que Vinícius respondeu aos gritos:
- Quebrei porque ele é mentiroso, entendeu? Men-ti-ro-so!